As quatro apresentações do dia focaram nos aspectos interdisciplinares dos determinantes sociais da saúde e destacaram o papel da América do Sul na construção de novos parâmetros de tratamento igualitário na saúde.

Começou no dia 26 de janeiro, a etapa presencial do curso Políticas Públicas Intersetoriais e Determinantes Sociais da Saúde, o primeiro oferecido pelo ISAGS. As atividades aconteceram até a última sexta, 29, na sede do Instituto, no Rio de Janeiro, Brasil.

Na cerimônia de abertura, o Diretor Executivo do Isags, José Gomes Temporão, disse que o curso atende a uma demanda dos países membros da Unasul ao Instituto e atende também a recomendação da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, realizada em 2011 no Rio de Janeiro, o que incentiva a promoção do tratamento igualitário social e na saúde pública através de ações sobre os determinantes sociais.

O primeiro orador das apresentações foi o Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris VII e pesquisador do Centro de Estudos Edgar Morin, Alfredo Pena-Vega, que abordou a saúde como um tema interdisciplinar e intersetorial. Pena-Vega salientou a importância de perceber a interdisciplinaridade como uma primeira forma de se relacionar diferentes disciplinas, buscando a transgressão de fronteiras entre as questões. Dado o papel da cooperação para o desenvolvimento de políticas públicas, o pesquisador também salientou que deve-se cooperar na confiança: Cooperar significa estar juntos e compartilhar em um clima de confiança. Não se deve cooperar pensando em abranger mais poder. A idéia não é essa, disse ele.

A contextualização das políticas de saúde pública foi o tema da apresentação feita pelo Vice- Coordenador Geral da Associação Latino-Americana de Medicina Social (ALAMES), Oscar Feo, que começou sua apresentação resgatando o conceito de determinação social da saúde e contrastando-o com a visão dos determinantes sociais da saúde. Feo salientou que a determinação social permite-nos compreender que a saúde é um fato decididamente interdisciplinar que transcende o biológico. Portanto, a raiz dos problemas na saúde pública está na sociedade e na estrutura social, não na natureza. É o resultado da combinação de políticas sociais e intervenções governamentais ineficientes , disse ele.

Governança e medidas de iniquidade na saúde

Paulo Buss, diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz (Cris), falou sobre os desafios da governança em resposta ao enfoque dos Determinantes Sociais da Saúde. Para ele, a abordagem aos determinantes sociais da saúde depende, principalmente, da gestão de políticas públicas e ações intersetoriais.

A questão é que, sem reduções significativas das desigualdades sociais e iniquidades econômicas e sociais, será impossível reduzir as desigualdades na saúde pública e melhorar a saúde, disse ele.

A última apresentação do dia foi feita por Juan Garay, que abordou as medidas de desigualdade em saúde. O especialista apresentou um estudo que avaliou os níveis de tratamento igualitário na saúde pública em todos os países do mundo nos últimos 60 anos.

Dos 14 países mais bem classificados no estudo, oito ficam na América Latina. Segundo Garay, a região pode dar uma grande contribuição para o mundo no que diz respeito ao progresso social e tratamento igualitário na saúde pública.

A pergunta que devemos fazer é: Por que estamos crescendo, se não é para o nosso bem nem para o bem de nossos filhos e netos, e muito menos para o bem do planeta? É claro que precisamos pensar em novos modelos e, neste contexto, acho que a América do Sul pode fornecer-nos com novas propostas de progresso que são sustentáveis e que garantem a igualdade social e de saúde, inclusive para futuras gerações, concluiu.

ISAGS, 26/01/2015