Com o objetivo de apresentar resultados de uma consulta sobre as incertezas e críticas para o desenvolvimento brasileiro, o Ipea realizou nesta semana, em Brasília, o seminário Projeto Brasil 2035 – Questões para o Desenvolvimento. “Nós fizemos 12 workshops sobre diversos temas e conseguimos identificar quais são as grandes questões ainda sem resposta, mas que impactam e poderiam contribuir muito para o desenvolvimento do país”, disse a coordenadora do projeto, Elaine Marcial, lembrando que na primeira fase a discussão foi sobre as tendências.
Ela explicou que a tendência é um movimento consolidado, no qual é difícil intervir – “é preciso se adaptar”. “No caso das incertezas, estas nos trazem uma imensidão em termos de possibilidade de se investir e construir o futuro desejado. E nesse movimento de construção, muitas vezes a gente consegue, inclusive, romper alguma tendência”, destacou a pesquisadora, acrescentando que é na análise das incertezas que surgem as oportunidades.
O secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), Marco Ferrari, disse que trabalhar com um grupo que está pensando o planejamento no país vai ser de grande ajuda para o MP. “Para a Seplan, é sempre muito importante participar de um encontro como este, principalmente porque o resultado deste trabalho vai auxiliar o nosso trabalho, cujo objetivo é retomar o planejamento de uma forma que a gente consiga ver o horizonte e decidir o que queremos ter de desenvolvimento”, observou o secretário. Ele ressaltou ainda que, caso seja aprovado o plano orçamentário, a PEC 241, proposta pelo governo, será possível vislumbrar um horizonte orçamentário ao menos pelos próximos dez anos, com revisão no décimo ano, com previsão de mais dez.
Para o presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), Márcio Gimene, é importante identificar as tendências de peso para perceber aquilo que, naquele horizonte temporal, não tem perspectiva de mudança relevante, mas o crucial é discutir as incertezas e tentar analisar o comportamento dos atores mais destacados em relação a cada uma das incertezas. “A gente enfrenta uma dificuldade principal, que é a tendência das pessoas de acreditarem que vai dar tudo certo, que o planejamento vai acontecer da forma como foi prevista, e não se prepara para lidar com situações de adversidade”, observou.
Resultados
A plataforma Brasil 2100 – construindo hoje o país de amanhã visa estimular o debate sobre possíveis caminhos e desafios para a construção de uma sociedade mais próspera e solidária no Brasil até 2100. O projeto conta com a parceria da Assecor, Afipea, Anesp, AACE, Aner, BNDES, Petrobras, Embrapa, Anatel, Banco do Brasil, Previ, e Museu do Amanhã. Durante um mês, especialistas responderam a um questionário em que avaliavam a importância do tema “que caminho o Brasil poderá trilhar até 2035 para que tenhamos um país desenvolvido, com uma sociedade mais livre, justa e solidária em 2100? e o grau de incerteza quanto à ocorrência ou não dessa hipótese.
Ipea, 11/08/2016