Um estudo inédito do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), com sede no Rio de Janeiro, para tratar o desgaste das articulações entre os ossos pode representar, no futuro, o fim do uso das próteses sintéticas tradicionais utilizadas em milhares de pacientes com artrose.

A artrose  é uma doença que ataca as articulações e que resulta, principalmente, no desgaste da cartilagem que recobre as extremidades dos ossos, mas que também danifica ligamentos, a membrana sinovial e o líquido sinovial. Segundo dados do Ministério da Saúde, a artrose atinge 15 milhões de pessoas no Brasil.

A pesquisa, inteiramente desenvolvida no Sistema Único de Saúde (SUS), é coordenada pelo cirurgião ortopedista Eduardo Branco, que investiga um tipo específico de célula-tronco no líquido sinovial, que reveste as articulações do corpo, como as do joelho, quadril e ombro. O estudo, que ainda está na primeira fase-laboratorial – foi apresentado pela primeira vez no Congresso Mundial de Ortopedia, na China, em setembro.

Branco explicou que estimuladas com células-tronco, as articulações do corpo possam se regenerar sem a necessidade de colocação de próteses sintéticas, como ocorre hoje, convencionalmente.

“Uma característica das células-tronco é que elas são capazes de formar novas células a partir de uma célula inicial. No caso das células do líquido sinovial, o que verificamos em laboratório é que o maior potencial delas é de formar cartilagens”, disse.

As experiências em pessoas com artrose poderão ocorrer entre cinco e dez anos. “É um caminho um pouco mais longo até para garantir a segurança do paciente. Um cenário é trabalhar em laboratório, onde consigo manipular essas células em um ambiente totalmente controlado. Quando coloco em um organismo vivo, a resposta é muito mais complexa”, ressalta.

O pesquisador esclarece que o envelhecimento da população brasileira, assim como a mundial, é um dos fatores de risco para o maior desenvolvimento de artroses. Cerca de 20% da população brasileira têm mais de 60 anos. “A gente está vivendo mais, está danificando mais esse tecido das articulações e está a mais tempo exposto ao que faz a nossa articulação degenerar. Isso nos preocupa em saúde pública, tanto na questão da qualidade de vida quando na questão do custo para o SUS”, concluiu.

EBC, 22/10/2015