O Secretário da Fazenda e Crédito Público do México, Luis Videgaray Caso, e a renomada economista italiana e professora da Universidade de Sussex (Reino Unido), Mariana Mazzucato,  destacaram hoje no México a proposta da CEPAL para construir um novo estilo de desenvolvimento na região, baseada em uma renovada equação entre o Estado, o mercado e a sociedade, durante a quarta jornada do Trigésimo sexto Período de Sessões que está sendo realizado na capital mexicana.

A proposta do organismo regional da ONU está inserida no documento de posição institucional intitulado Horizontes 2030: a igualdade no centro do desenvolvimento sustentável, que foi apresentado nesta quinta-feira pela Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, em uma sessão presidida pela Secretária de Relações Exteriores do México, Claudia Ruiz Massieu.

A alta funcionária internacional explicou suas principais diretrizes às autoridades dos países-membros e associados da Comissão, que se resumem em reduzir os desequilíbrios econômicos, sociais e ambientais, que hoje afetam a região, para alcançar um desenvolvimento baseado na igualdade e na sustentabilidade.

“O estilo de desenvolvimento dominante é insustentável. Estamos atravessando uma mudança de época, com profundas mudanças tectônicas que a humanidade não pôde absorver em sua totalidade. Por isso, nossa proposta é realizar uma mudança estrutural com base em um grande impulso ambiental”, assinalou Alicia Bárcena em sua apresentação.

Bárcena mostrou que a região apresenta vários retrocessos, com um crescimento reduzido que não supera  2% nas últimas décadas, um comércio com o pior desempenho em oito décadas, pouco investimento físico, em capital humano  em pesquisa e desenvolvimento, e uma latente vulnerabilidade externa.  Além disso, persistem desequilíbrios estruturais, como uma estrutura produtiva pouco diversificada, um atraso no esforço e no desempenho da inovação, a manutenção da pobreza e a concentração de renda, e uma alta vulnerabilidade à mudança climática.

“Para enfrentar estes desafios, propomos uma mudança estrutural progressiva que aumente a incorporação de conhecimento nas economias. São necessárias novas coalizões, novas instituições e alianças público-privadas. É preciso mudar o diálogo”, declarou a Secretária-Executiva da CEPAL.

“Nossa proposta por um novo estilo de desenvolvimento é política, não técnica. O horizonte é a igualdade, a mudança estrutural progressiva é o caminho e a Política o instrumento”, acrescentou Bárcena.

Em seus comentários sobre o documento Horizontes 2030, o Secretário da Fazenda e Crédito Público do México, Luis Videgaray Caso, considerou que o governo de seu país possui “enormes concordâncias” com o diagnóstico que ali aparece.

“Por exemplo, concordamos com a CEPAL que a mudança climática é a maior falha de mercado da história. Isto nos apresenta várias oportunidades e desafios. O maior deles é utilizar a igualdade como um instrumento para crescer. Devemos crescer para ser mais iguais, e ser mais iguais para crescer”, declarou Videgaray.

O Secretário da Fazenda mexicano considerou que na América Latina e no Caribe é necessário avançar rumo a uma economia de mercado onde se fomente a concorrência e o livre jogo da oferta e da demanda. Indicou que diante dos enormes desafios que se apresentam, somente as economias que designem recursos de maneira mais eficiente serão vencedoras no século XXI. “Devemos fazer com que nossos mercados sejam mais abertos, para que haja concorrência, e mais inclusivos, para que toda a população receba seus benefícios”, afirmou.

“Felicito a CEPAL e a Alicia Bárcena por este extraordinário documento que merece uma grande análise em todos os seus temas e deve-nos levar a promover a igualdade na região”, declarou Videgaray.

Por sua parte, a economista e professora de Economia da Inovação da Unidade de Ciências Políticas e Pesquisas (SPRU) da Universidade de Sussex (Reino Unido), Mariana Mazzucato, qualificou o documento da CEPAL como “visionário”, já que apresenta ideias muito provocativas e inovadoras sobre os diferentes tipos de políticas e o papel dos diversos atores para fomentar o desenvolvimento.

Em sua apresentação, Mazzucato comentou as três “eficiências” que a publicação aborda (a schumpeteriana, sobre o papel da aprendizagem e da inovação; a keynesiana, sobre a expansão da demanda agregada e o papel das políticas públicas fiscais ativas; e a ambiental, para gerar um crescimento com menos geração de carbono) e considerou que estas propostas colocam a CEPAL em uma posição de liderança no debate econômico internacional.

A destacada economista defendeu o papel do Estado na geração de políticas públicas e em precaver as falhas que possa apresentar o mercado, assim como na facilitação das alianças com o setor privado.

“Tal como afirma a CEPAL em seu documento, necessitamos fomentar o crescimento inclusivo e novas associações público-privadas que sejam dinâmicas. Devem ser gerados novos contratos, uma nova relação entre ambos setores”, considerou Mazzucato.

A publicação da CEPAL será o centro dos debates do Seminário de Alto Nível “Horizontes 2030: a igualdade no centro do desenvolvimento sustentável”, que será realizado durante o Trigésimo sexto Período de Sessões, nesta quinta-feira, 26 e na sexta, 27 de maio, e no qual participarão ministros e autoridades da Fazenda, Economia, Planejamento, Energia, Comércio, Desenvolvimento Social e Relações Exteriores de 13 países da região.

O programa completo da reunião da CEPAL está disponível no site  http://periododesesiones.cepal.org/36/es.

Cepal, 26 de maio