Uma delegação de especialistas em saúde e genômica da China visitou a Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, nesta semana, com o objetivo de discutir futuras parcerias entre os dois países. Em sessão especial organizada (27/6) em conjunto pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), pesquisadores chineses e brasileiros compartilharam suas descobertas científicas sobre os vírus zika e ebola e discutiram possibilidades de colaboração para controlar a re-emergência de outros vírus e antecipar novas epidemias.
Na mesa de abertura, estiveram presentes o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa, o diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), José Paulo Leite, e o diretor do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz (Cris) e ex-presidente da Fundação, Paulo Buss. O evento também contou com a presença de Carlos Morel, diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS).
Além de destacarem a importância estratégica da troca de conhecimento acumulado em doenças infecciosas entre Brasil e China, visando uma parceria para os próximos cinco a dez anos, os integrantes da mesa falaram sobre a valorização do papel dos países que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na comunidade científica internacional.
“Essa colaboração é uma oportunidade de reforçarmos o papel do bloco de países que compõem o Brics, como uma alternativa ao grupo mais tradicional de instituições de pesquisa dos Estados Unidos e Europa”, destacou Paulo Buss.
Com o objetivo de refletir sobre as possibilidades de cooperação em estudos sobre o vírus zika, os pesquisadores do Center for Disease Control and Prevention (China CDC), George Gao e William J. Liu relataram a experiência adquirida pelo CDC em Sierra Leone, no período de 2014 a 2016, durante o surto de ebola na região, desde o desenvolvimento de uma plataforma capaz de detectar inúmeros vírus (zika, ebola, febre amarela, dentre outros), até estudos realizados sobre a persistência do vírus em sobreviventes, sua imunologia e estrutura biológica.
Gao destacou a importância das grandes instituições de pesquisa mundiais cooperarem e compartilharem seus trabalhos na perspectiva do conceito One World, One Health, lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2008. O pesquisador considera que há três elementos centrais na re-emergência dos vírus: mudanças climáticas, alterações no comportamento humano e a facilidade que os vírus têm para se adaptar a novos hospedeiros, por meio de mutações genéticas. “Por isso a necessidade de atuarmos juntos e unirmos diferentes setores da sociedade para controlar a emergência ou re-emergência dos vírus”, comentou Gao.
Para relatar o acúmulo de conhecimento do vírus zika adquirido durante a epidemia que assolou o país em 2015 e 2016, incluindo o recente estudo sobre o impacto do medicamento sofosbuvir na replicação do vírus zika, estiveram presentes os pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Patrícia Brasil e José Cerbino Neto, e Thiago Souza, do Centro de Desenvolvimento Tecnólogico em Saúde (CDTS/Fiocruz).
Como resultado do encontro, foram apontadas possiblidades objetivas de cooperação que incluem a evolução do vírus zika e sua capacidade de adaptação ao hospedeiro; características das respostas imunológicas entre pacientes e sobreviventes; estudos sobre a persistência do vírus zika e estudos mais aprofundados dos casos negativos, na perspectiva de antecipar e introdução ou re-emergências de outros vírus.
Fonte: Fiocruz