Em 2015, o governo federal gastou R$ 37,1 bilhões com ciência e tecnologia (C&T). Isso significa 0,63% do Produto Interno Bruto (PIB). O dado está no artigo Dispêndios do Governo Federal em C&T e P&D: esforços e perspectivas recentes, que faz parte da 48ª edição do Boletim Radar, publicado pelo Ipea.
Os autores, Priscila Koeller, Renato Baumgratz Viotti e André Rauen, utilizaram dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que também foi o órgão que mais investiu no setor. O artigo aponta, por exemplo, que entre 2002 e 2013 a participação do MCTI esteve sempre em torno de 30%, sendo que em 2013 essa porcentagem chegou a 41% do gasto do governo federal com C&T. “As estimativas realizadas pelo Ipea para os anos de 2014 e 2015 mostram, no entanto, uma inflexão, representando 32% dos dispêndios do governo federal em C&T, em 2014, e voltando ao patamar de 29%, em 2015”, reforçam os autores.
Apesar de o MCTI ser o órgão que mais gasta com C&T, esse número ainda é baixo se comparado ao de outros países. Isso foi percebido por meio da análise de dados de 2013. Enquanto o gasto público em relação ao PIB da Alemanha, Estados dos Unidos e do Japão eram respectivamente de 2,83%, 2,74%, 3,48%, o gasto do Brasil era de apenas 1,24%.
C&T no Reino Unido
Como o Reino Unido financia ciência, pesquisa, tecnologia e inovação? Essa é a pergunta que o artigo escrito por Flavia Schmidt Squeff e Fernanda de Negri (Financiamento à Pesquisa no Reino Unido: o dual support system) busca responder. No texto, as pesquisadoras ressaltam a importância britânica para o cenário da pesquisa e avaliam que as universidades do país geraram mais de 39 milhões de libras para o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado em 2011-2012.
O sucesso das pesquisas, em parte, pode ser atribuído ao sistema de financiamento utilizado pelas universidades, o dual support system, que é considerado um dos pilares da robustez do sistema de inovação do Reino Unido. Esse sistema funciona como apoio à pesquisa que utiliza, de um lado, os Research Councils (RCs), que concedem financiamento para projetos de pesquisa em um processo competitivo para as instituições com base em submissões feitas pela comunidade acadêmica, e, por outro lado, os Higher Education Funding Councils (HEFCs), que distribuem recursos para as instituições de ensino superior considerando seu desempenho passado.
Políticas Públicas
Quais princípios devem guiar o desenho de políticas públicas na era da automação? A pergunta norteia o artigo assinado por Cristina Caldas, pesquisadora do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) no Ipea. A autora analisa o impacto da automação na oferta de empregos e como os formuladores de políticas públicas deveriam reagir a esse novo cenário trabalhista e como lidar com a possibilidade de que, até 2018, 1,3 milhão de robôs industriais atuarão em fábricas ao redor do mundo.
As políticas e os programas implementados pela Finep no apoio à inovação empresarial entre 2003 e 2010 e entre 2001 e 2014 foram avaliados pelo diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea (Diest), João De Negri, e pelo pesquisador José Mauro de Morais, em artigo do boletim. Eles afirmam que as concessões de recursos entre 2001 e 2014 foram feitas de forma mais produtiva com parcerias entre a agência, ministérios e agências regulamentadoras.
Outro texto analisa o apoio às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) por meio do Cartão BNDES. Mauro Oddo Nogueira, autor do estudo e pesquisador do Ipea, explica que esse acordo é um dos mais inovadores instrumentos de fomento aos pequenos negócios no país, tanto pela abrangência quanto pelas características operacionais do financiamento.
Fonte: Ipea