Em 2050, o mundo terá aproximadamente 10 bilhões de pessoas e, no Brasil, serão 228 milhões, de acordo com o relatório The World Population Prospects 2019: Highlights da ONU. O documento, cuja revisão foi publicada pelo Population Division of the UN Department of Economic and Social Affairs (DESA), baseia-se nas estimativas de população mundial desde 1950 até os dias de hoje, considerando 235 países (ou áreas) e fazendo uma análise de tendências demográficas históricas. O relatório aponta para uma taxa de fertilidade em declínio e para o envelhecimento da população, principalmente nos países menos desenvolvidos, onde hoje a expectativa de vida ainda é 7 anos menor do que em um país desenvolvido.

 

“Isso vai provocar mudanças importantes do ponto de vista do modo de adoecer e morrer e vai colocar para a sociedade desafios de como cuidar dessas pessoas, na maior parte uma população empobrecida e ainda pobre. O problema que não aparece visível no horizonte é sobre as elites privilegiadas mais ricas do mundo e se serão capazes de conseguir redistribuir a riqueza que hoje detêm. Esse é o grande desafio que teremos nos próximos 40 a 50 anos”, afirma o professo doutor José Carvalho de Noronha, convidado a apresentar sua palestra “Tendências demográficas globais e riscos epidemiológicos futuros” dentro do Seminário Sobre o Futuro do programa de pós-graduação em Economia Política Internacional/PEPI/UFRJ, do professor doutor José Luís Fiori, no dia 28 de junho. O coordenador da iniciativa Brasil Saúde Amanhã debateu os aspectos ocasionados pelo intenso aumento populacional esperado para os próximos 50 a 100 anos. Com a projeção de que aproximadamente um quarto da população norte-americana terá mais de 65 anos e de que, em países do norte da África, Ásia e América Latina, a população idosa pode dobrar até 2050, cada vez mais será necessário o deslocamento de recursos para atender às necessidades de moradia, alimentação, condições de lazer e saúde dessas pessoas. Ao mesmo tempo, a quantidade de pessoas com problemas crônicos, como câncer, derrames e doenças demenciais vai aumentar.

 

O debate tratou, sob a ótica da prospecção estratégica em saúde, dos dez principais desafios do relatório:

 

  1. A população mundial continua a crescer, mas as taxas de crescimento variam bastante entre as regiões.
  2. Nove países serão responsáveis por mais da metade do crescimento populacional entre hoje e 2050.
  3. O crescimento populacional acelerado coloca grandes desafios para o desenvolvimento sustentável.
  4. Em alguns países, o crescimento da população economicamente ativa cria oportunidades para crescimento econômico.
  5. Globalmente as mulheres estão tendo menos filhos, mas taxas de fecundidade permanecem elevadas em várias partes do mundo.
  6. As pessoas estão vivendo mais tempo, mas nos países mais pobres vivem 7 anos menos que a média global.
  7. A população mundial está envelhecendo, com o número de pessoas com mais de 65 anos crescendo mais rápido.
  8. A queda na proporção da população economicamente ativa aumenta a pressão nos sistemas de proteção social.
  9. Um número crescente de países apresenta uma redução de sua população.
  10. A migração tornou-se um componente principal de mudança populacional em alguns países.