Um novo ranking incluindo os 32 países que disputam a Copa do Mundo de 2014 mostra que todos apresentaram progresso significativo na redução da mortalidade infantil desde 1990, quando o Mundial foi sediado na Itália. Os avanços de cada país, entretanto, não foram iguais. O Brasil registrou o maior índice, com uma redução de 77% no número de mortes de crianças abaixo de cinco anos de idade desde 1990. O ranking “Mortalidade Infantil: Qual é o Placar?” foi lançado em preparação para o Fórum dos Parceiros de 2014, evento realizado em Johanesburgo, África do Sul, entre os dias 30 de junho e 01 de julho e organizado pela Parceria para a Saúde Materna, de Recém-Nascidos e Crianças (PMNCH). Criado e liderado pela Organização Mundial de Saúde em 2005, o grupo reúne 625 organizações ligadas à saúde materno infantil, entre governos, associações, ONGs, universidades, profissionais de saúde, instituições de pesquisa e representantes do setor privado.
O objetivo da parceria é acelerar a conquista das metas do Milênio (Millenium Development Goals) relacionadas à saúde de mulheres e crianças. Durante a conferência na África do Sul, líderes globais discutirão medidas para acelerar iniciativas que melhorem as condições de saúde de crianças, recém-nascidos e mães em todo o mundo.
“Há duas razões principais para a redução da mortalidade na infância no Brasil: a expansão do acesso à saúde primária e o Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do mundo”, afirma Paulo Vicente Bonilha de Almeida, coordenador de saúde infantil do Ministério da Saúde brasileiro. “O Programa Nacional de Imunização aumentou as taxas de vacinação entre as crianças brasileiras e o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno mais do que quadruplicou a amamentação”.
Desde 1988, a Constituição brasileira garante aos seus cidadãos cobertura universal do sistema de saúde, o que garante acesso aos serviços de saúde mesmo entre os que não podem pagar por ele. Já o Bolsa Família garante transferência de renda para famílias pobres com a contrapartida de que as crianças estejam com a vacinação em dia e frequentando a escola. Atualmente, a cada mil nascimentos no Brasil, 14 crianças morrem antes de completarem cinco anos de idade – em 1990, eram 62.
Infelizmente, nem todo país teve o mesmo desempenho do Brasil em salvar vidas de crianças. É o caso da Nigéria, por exemplo. Apesar de o país ter reduzido a mortalidade infantil em 42% desde 1990, ainda tem o maior índice de mortes de crianças com menos de cinco anos entre todas as nações que disputam a Copa do Mundo de 2014. Para cada mil nascidos na Nigéria, 124 crianças morrem antes de completarem seu quinto aniversário.
“O ranking inspirado na Copa do Mundo mostra que quando governos priorizam a saúde da criança, podemos observar um significativo progresso”, afirma Naveen Thacker, presidente eleito da Asia Pacific Pediatric Association (Associação Pediátrica da Ásia do Pacífico). “Líderes governamentais, sociedade civil e iniciativa privada precisam se unir para assegurar que mortes de crianças passíveis de prevenção estejam logo restritas aos livros de história”.
Mais da metade de todas as mortes de crianças acorrem nos primeiros 28 dias de vida. Um mito que ainda persiste é o de que para salvar recém-nascidos é preciso ter hospitais sofisticados e unidades de tratamento intensivo preparadas.
“Soluções simples e de baixo custo poderiam ajudar cada país a reduzir consideravelmente o número de mortes de recém-nascidos”, constata o Professor Zulfiqar Bhutta, um dos diretores do SickKids Centre for Global Child Health no Canadá. “Por exemplo, utilizar antisséptico no corte do cordão umbilical pode reduzir essas mortes pela metade. Outra medida que ajuda a prevenir infecções e óbitos é colocar o bebê em contato com o colo da mãe e incentivar o aleitamento materno”
OPAS, 26/06/2014