Delegações estrangeiras e de estados brasileiros que estiveram em Curitiba semana passada conhecendo o projeto “A Hora é Agora” demonstraram interesse pelo projeto-piloto de autotestagem voltado para o público gay e HSH, realizado na capital do Paraná pela filial brasileira do CDC, em parceria com a prefeitura local, a Fiocruz e o Grupo Dignidade, e com apoio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Os responsáveis pelo projeto receberam delegações do CDC de Atlanta, Haiti e República Dominicana, e também dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Durante o encontro, muitos deles afirmaram que a visita era uma oportunidade para conhecer melhor o projeto e, eventualmente, reproduzir a estratégia em seus territórios.
A visita começou com o trailer do Consultório na Rua, cedido pelo projeto à prefeitura, onde Adriane Wollmann apresentou o equipamento e explicou a estratégia a todos os convidados.
Cheryl Johnson, da Organização Mundial da Saúde, apresentou o protocolo da OMS sobre testagem, que prevê estímulo ao autoteste. Pesquisas da organização comprovam as vantagens dessa estratégia. Os dados não registram, por exemplo, suicídio em virtude de testes positivos.
Em Curitiba, a epidemia de aids segue a mesma tendência do restante do país, que é o aumento das notificações do HIV e redução dos números de aids, demonstrando que os infectados estão sendo diagnosticados mais precocemente; porém, o número de mortes se mantém estável. Lá, assim como no restante do Brasil, a epidemia atinge, prioritariamente, as populações-chave, como os gays e outros HSH, pessoas trans, profissionais do sexo e pessoas que usam drogas.
Marly Cruz, da Fiocruz, iniciou sua apresentação falando sobre todo o projeto, desde a concepção até a efetiva implantação e o momento atual.
O coordenador da testagem móvel e em ONG, Beto de Jesus, falou da oferta do teste nesses locais. A testagem no trailer do projeto e no Grupo Dignidade, que também foi visitada pelas delegações, é um teste de diagnóstico e não só de triagem, diferentemente do autoteste, que demanda um teste confirmatório no trailer, ONG ou unidade de saúde referenciada.
A coordenadora do Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), Juliane Costa Oliveira, explicou como funcionam os testes confirmatórios realizados na unidade de saúde, após o uso do autoteste solicitado pela internet, e como tem organizado a unidade para receber essa população.
Na Secretaria Municipal de Saúde, entre outras atividades, os visitantes puderam conhecer a sala onde é gerenciado o projeto, inclusive o estoque de testes e o mecanismo de envio pelos correios. Também foi visitada a Farmácia Popular, um dos locais em que a pessoa que pede o teste pela internet pode retirá-lo.
O terceiro dia da visita incluiu uma visita ao COA (Centro de Orientação e Aconselhamento) para que os visitantes conhecessem o serviço prestado às pessoas com teste de HIV positivo. Em seguida, os participantes estrangeiros e de outros estados trocaram experiências e dados.
O dia terminou com o acompanhamento do trabalho do trailer do projeto na Praça Osório, e a visita a outros locais de atuação da equipe de divulgação, que percorrem locais muito frequentados pelo público gay e HSH de Curitiba.