Levantamento do ministério com auxílio de estados e municípios aponta essas áreas entre as de maior estrangulamento no atendimento

São Paulo – O ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou hoje (5) à tarde, durante o programa Pergunte ao Ministro, que estados e municípios auxiliam o ministério no mapeamento das especialidades e exames de maior demanda reprimida. O objetivo é contemplá-las numa etapa inicial do programa Mais Especialidades, promessa de campanha da presidenta Dilma Rousseff à reeleição. “O levantamento mostra que as especialidades com maior procura e maior estrangulamento no atendimento são oftalmologia, ortopedia e cardiologia”, disse Chioro.

De acordo com o ministro, há dois grupos de especialidades. Uma de maior resolutividade, na qual o paciente faz os exames, é submetido a cirurgia, reabilitação e logo se restabelece, voltando a ter a saúde acompanhada no posto de saúde perto de sua residência. No outro, mais complexo, estão acompanhamentos permanentes. É o caso de um cardiopata que, mesmo operado, deve ser acompanhado por cardiologista, nutricionista e outros especialistas para o resto da vida.

“É claro que começo vamos ter de fazer mutirão para reduzir a fila. E os profissionais do programa Mais Médicos serão parceiros nesse trabalho, detectando as necessidades”, afirmou.

Segundo Chioro, o ministério será rigoroso na contratação de serviços auxiliares de diagnóstico médico, como exames de análises clínicas e de imagem. “Não vamos contratar serviços separadamente. Isso para evitar que alguns serviços ofereçam apenas o que é melhor remunerado e deixem de oferecer à população o que remunera menos. Vamos contratar para o atendimento completo”, disse. O ministro, porém, não falou em prazos para a implementação do novo programa.
Desospitalização

Outra estratégia que o ministério estuda é a adoção da chamada desospitalização. Ou seja, o estímulo à internação domiciliar acompanhada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde em casos específicos, em que a estrutura hospitalar não seja imprescindível.

O ministro afirmou que a prática, adotada há muito tempo em diversos países, já é bem sucedida em diversos municípios brasileiros, sendo implementados tanto pela iniciativa pública como privada. “Entre as vantagens estão o convívio familiar, que ajuda a recuperação, e também estar longe do ambiente hospitalar, com os riscos de infecção.”

A desospitalização será estimulada também na saúde mental, com maior articulação com o centros de atenção à saúde mental e outros serviços, permitindo a esses doentes maior integração social. Chioro destacou que à primeira vista essas iniciativas podem levantar temores, mas lembrou que a medicina tem avançado com recursos nesse sentido. “Logo que comecei a exercer a medicina, uma cirurgia para retirada de vesícula exigia hospitalização de cinco a oito dias. Hoje, com a videolaparoscopia, a pessoa opera e vai para casa no mesmo dia.”

Ele ressaltou ainda esforços da pasta na atenção básica, com investimentos em estratégias como telessaúde e telemedicina, que permitem, por meio da internet, videoconferências em que médicos das regiões mais distantes podem ouvir uma segunda opinião de especialistas em grandes centros quanto à melhor conduta em determinados casos. Com isso, são evitados deslocamentos necessários de pacientes e o tratamento é iniciado com mais rapidez, com maiores chances de cura. “É o caso de um médico que suspeita de uma micose mas considera a possibilidade de o problema do paciente ser um câncer de pele”, explicou Chioro.

Durante o programa, que respondeu perguntas de internautas, Chioro falou ainda sobre outras políticas em andamento, como a de humanização, que pretende, entre outras coisas, acabar com o racismo institucional, que desestimula negros a buscar atendimento médico, e com a violência no parto.

 

Rede Brasil Atual, 05/02/2015