Plataforma da IBM para computação distribuída de alto desempenho, a World Community Grid lança nesta quinta-feira (19/5), em nível mundial, o projeto OpenZika. Trata-se de um estudo internacional que contribuirá para que cientistas desenvolvam drogas antivirais capazes de combater o zika em pessoas infectadas pelo vírus. A iniciativa conta com uma equipe internacional de pesquisadores, liderados pela pesquisadora Carolina Horta, da Universidade Federal de Goiás, que inclui cientistas da Fiocruz, da Escola Médica de New Jersey da Universidade de Rutgers, e da Universidade da Califórnia.
Para desenvolver esses medicamentos com maior rapidez, os pesquisadores têm que avaliar milhões de compostos químicos, visando determinar qual o mais eficaz para desativar as proteínas que um vírus precisa para se reproduzir ou para infectar as células. A plataforma ajuda fornecendo poder de computação, o que permite aos cientistas preverem que compostos provavelmente serão mais efetivos na diminuição da capacidade infectiva ou replicativa do vírus zika. Essas previsões precisam depois ser confirmadas em testes de bancada no laboratório e, posteriormente, em animais – o que ajudará aos cientistas a obterem vantagem no longo processo de desenvolvimento de tratamentos. Voluntários podem apoiar o projeto se registrando no site da World Community Grid, disponibilizando o tempo ocioso do seu computador para os cálculos.
Todos estes resultados de triagem serão disponibilizados publicamente, abrindo porta para outros cientistas também usarem esses dados para ajudar no desenvolvimento dos tratamentos contra o zika. O World Community Grid continuará atualizando as informações do projeto de acordo com as descobertas.
Para realizar tais experiências computacionais, os pesquisadores doOpenZika utilizam uma ferramenta de triagem chamada AutoDock VINA, desenvolvido pelo laboratório The Scripps Research Institute, em San Diego. O World Community Grid é ativado por The Berkeley Infrastructure for Network Computing (BOINC), uma plataforma de código aberto desenvolvido na Universidade da Califórnia, Berkeley, e com o apoio da National Science Foundation. Os modelos tridimensionais das proteínas alvos de zika são estudados e aprimorados pelos pesquisadores da Universidade de Goiás, da Fiocruz e dos demais colaboradores, e os bancos de dados dos compostos são públicos.
Word Community Grid
A World Community Grid é uma rede de computadores espalhados pelo mundo, formando um dos maiores supercomputadores existentes. Como parte de seu programa de cidadania com foco em soluções inovadoras para os problemas sociais, a IBM criou World Community Grid em 2004, visando atender às necessidades críticas dos pesquisadores na área de supercomputação em saúde e ambiente. Parcialmente hospedado em tecnologia de nuvem da IBM, o World Community Grid fornece, gratuitamente, grandes quantidades de supercomputação.
Isso é possível por meio do aproveitamento do poder de computação não utilizado dos computadores dos voluntários e dispositivos Android. Mais de 3 milhões de computadores e dispositivos móveis usados por 470 instituições em 80 países contribuíram para mais de duas dezenas de projetos de importância vital no World Community Grid ao longo dos últimos 11 anos, representando um valor de mais de US $ 500 milhões.
A World Community Grid tem ajudado os pesquisadores a identificar novos tratamentos para crianças com câncer, além de novos materiais para células solares mais eficientes ou ainda para identificar como a nanotecnologia pode contribuir para filtrar água de forma mais eficiente.
A rede de computadores contribui ainda para a realização de um outro projeto da Fiocruz (intitulado Desenvolvendo o Ministério do Genoma), por meio do qual a Fundação está comparando a informação genômica de centenas de milhares de organismos vivos, com o objetivo de melhorar a qualidade e a interpretação de dados biológicos e o conhecimento de sistemas biológicos e das interações entre patógenos, seus hospedeiros e o ambiente. Essa informação terá um papel crucial no desenvolvimento de melhores drogas e vacinas, assim como melhores métodos de diagnóstico, além de outras aplicações biotecnológicas.
Portal Fiocruz, 19/05/2016