O IBGE antecipou para o Ministério da Saúde e para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informações sobre o deslocamento da população para cidades em busca de serviços de saúde. Com os dados, os órgãos poderão elaborar políticas públicas, planos e logística para enfrentar a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Os resultados disponibilizados preliminarmente compõem a pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic) 2018, cuja íntegra será divulgada ainda este ano pelo IBGE.

Os resultados dessa parte da pesquisa mostram que, no país, as pessoas precisam percorrer, em média, 72 km para atendimento de baixa e média complexidade, como consultas médicas e odontológicas, exames clínicos, serviços ortopédicos e radiológicos, fisioterapia e pequenas cirurgias, dentre outros atendimentos que não impliquem internação.

Manaus, a capital do Amazonas, é a cidade que recebe pacientes que tiveram que percorrer as maiores distâncias, em média, 418 km para atendimento ou procedimento de baixa e média complexidade. Já Goiânia (GO) é o município que atende pacientes do maior número de cidades, 115 no total. Santa Catarina é o único estado onde ocorrem deslocamentos médios inferiores a 40 km, os menores do país, com destaque para o município de Chapecó.

“Se uma cidade tem um hospital regional, isso significa que ele não atende somente pacientes do município onde está localizado, mas também das cidades vizinhas. Os dados dessa pesquisa ajudam a dimensionar o impacto disso na saúde. Daí a importância de sabermos como as pessoas se deslocam no território das cidades”, disse o coordenador de Geografia do IBGE, Claudio Stenner.

Realizada a cada dez anos, a Regic define a hierarquia dos centros urbanos brasileiros e delimita as regiões de influência a eles associados. A pesquisa saiu a campo no segundo semestre de 2018 e investigou, entre outros aspectos, o deslocamento dos usuários da rede pública e privada de saúde, que saem de seus municípios com destino a outros para acesso à serviços de saúde de baixa, média e alta complexidade.

Paciente percorre mais de 150 km para tratamento de alta complexidade

A pesquisa revela, por outro lado, que a busca por tratamentos de alta complexidade exige do paciente mais que o dobro do deslocamento para procedimentos de baixa e média complexidade. Em média, uma pessoa percorre 155 km, no Brasil, para tratamentos especializados de alto custo, que envolvem internação, cirurgias, exames como ressonância magnética e tomografia e tratamentos de câncer.

Os números da pesquisa mostram profundas diferenças regionais quanto à concentração de cidades que são referência em saúde. Enquanto a média dos deslocamentos das regiões Sudeste e Sul ficaram em torno de 100 km, nas quais os fluxos se distribuem entre as capitais e cidades de menor porte no interior, no Nordeste os tratamentos de alta complexidade estão concentrados, sobretudo, nas capitais.

Os dados da Regic 2018 também revelam que os estados de Roraima e Amazonas apresentaram as maiores médias de deslocamento para tratamento de saúde de alta complexidade, 471 e 462 km, respectivamente, seguidas pelo Mato Grosso com 370 km.

A menor média de deslocamento ocorreu no estado do Rio de Janeiro, com 67 km, onde a capital divide a atratividade de pacientes com os municípios de Campos de Goytacazes, Volta Redonda e Itaperuna, além de cidades mineiras próximas do estado, como Muriaé.

Apesar da concentração dos deslocamentos para as capitais, a pesquisa destaca que há municípios que ultrapassam os limites estaduais. É o caso da cidade de Barretos, no interior de São Paulo, para os tratamentos de câncer. Ela recebe pacientes de 122 cidades, de oito estados diferentes, incluindo cidades de Rondônia, Pará e de todos os estados da Região Centro-Oeste.

Para o gerente de Redes e Fluxos Geográficos IBGE, Bruno Hidalgo, esses dados da Regic, quando cruzados com outros dos órgão de saúde, fornecerão informações importantes para o enfrentamento da pandemia.

“É possível identificar, por exemplo, municípios onde podem ocorrer superlotação das unidades de saúde. Os órgãos poderão correlacionar com a quantidade de respiradores e verificar pontos no território menos assistidos, julgando necessária a instalação de pontos de atendimento. São inúmeras as possibilidades de uso dos dados”, comentou ele.

Outras ações contra o novo coronavírus

O IBGE vem contribuindo com as ações de combate ao coronavírus desde o início da pandemia, quando decidiu adiar para 2021 o Censo Demográfico que seria realizado este ano. Os recursos que seriam aplicados na operação censitária foram disponibilizados pelo Instituto ao Ministério da Saúde para enfrentamento à doença.

Na última semana, o instituto também anunciou parceria com o Ministério da Saúde para implementar versão inédita da PNAD Contínua, que irá monitorar a incidência da Covid-19 nacionalmente. O IBGE vai continuar munindo os órgão de saúde com dados relevantes para controle da doença.

“Além da pesquisa sobre o deslocamento, planejamos liberar também dados sobre os locais de compra da população para contribuir com as ações de abastecimento durante este período de contenção da disseminação do novo coronavírus. Cederemos também informações sobre os setores censitários, que foram demarcados para o Censo”, adiantou o diretor de Geociências do IBGE, João Bosco de Azevedo.

 

Fonte: Agencia de Noticias IBGE

Imagem: Governo de São Paulo