“Estamos muito honrados de poder construir essa parceria com vocês e queremos cumprimentá-los por essa ousadia histórica de construir uma parceria com setores do movimento popular para a formação de educadores”, comenta Stedile.

A presidente da Fundação considera que a parceria com o MST fez avanços importantes e reafirmou o compromisso da instituição com movimentos populares. “Nos últimos anos, vimos grandes mudanças no cenário nacional com o ingresso de jovens militantes na academia, o que representa um passo importante para a construção coletiva de um projeto de país. Como instituição, temos buscado ampliar cada vez mais nossa articulação com movimentos populares para aprofundar nosso diálogo com a sociedade”, explica Nísia Trindade Lima.

Além das visitas aos assentamentos e troca de experiências, os 12 anos de parceria com o MST permitiram à Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) a criação de um curso de mestrado em Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, e à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), a formação de dois cursos técnicos (Políticas em Saúde e Saúde Ambiental) e do curso de especialização em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais, que teve início em 2010 e já formou duas turmas.

Segundo Maria Cristina Vargas, representante do coletivo nacional de educação do MST que também esteve presente na reunião, diversos estudos de caso sobre a influência de projetos pedagógicos das empresas do agronegócio nas escolas das zonas rurais, resultado dessa especialização, devem ser reunidos em uma publicação e podem ter um enorme impacto tanto para a academia, como para a população rural.

Publicado em 2012, o Dicionário da Educação do Campo também foi um marco importante da parceria da EPSJV com o MST. Para Stedile, o “Dicionário é um marco na literatura, uma contribuição civilizatória e referência hoje em todas as escolas do meio rural, sendo utilizado sistematicamente na formação dos professores”.

Como desdobramentos futuros para essa cooperação, foi destacada a importância de abertura de novas turmas para os cursos de mestrado e especialização, bem como a criação de um curso intensivo para a Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares nas áreas de toxicologia e agrotóxicos, e de um dicionário de agroecologia para a educação básica.

Segundo Stedile, a formação de médicos e médicas no Brasil é extremamente deficiente com relação ao impacto dos agrotóxicos sobre a saúde humana e que esse é um conhecimento fundamental para os profissionais da Rede Nacional de Médicos e Médicas que atuam diretamente na zona rural. A Rede foi criada em 2015 por médicos e médicos interessados na defesa do direito universal à saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS).

Além da presidente, estiveram presentes na reunião pela Fiocruz os vice-presidentes de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Manoel Barral, e de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), Marco Menezes, o diretor da Ensp, Hermano Castro, a diretora da EPSJV, Anakeila Stauffer, os pesquisadores Ary Carvalho (Ensp/Fiocruz) e Guilherme Franco Netto (VPEIC/Fiocruz), e membros da Cooperação Social da Fundação.

 

 

Fonte: Fiocruz