A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, assinou na última quinta-feira (31/8), em Brasília, um acordo de cooperação para o compartilhamento de recursos humanos e conhecimentos em Tecnologia da Informação (TI) com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Pelo acordo, as duas instituições se associam para fomentar, coordenar e executar projetos de pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde.
A cooperação técnico-científica gerada pelo acordo vai significar novos esforços das duas instituições no sentido de promover desde o desenvolvimento e operação de bancos de dados até a adaptação de infraestrutura de TI em ciência biomédica e saúde pública ao chamado Big Data — expressão que se refere ao conjunto de dados complexos gerados a todo instante.
Ao lado do presidente do CNPq, Mário Neto Borges, e do vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Mário Santos Moreira, Nísia lembrou a longa parceria entre as duas instituições e afirmou que o acordo servirá para ampliar as possibilidades de projetos conjuntos em pesquisa, educação e em especial em gestão do conhecimento. “O acordo consolida uma história de anos de parceria e abre novas perspectivas”, destacou Nísia, para quem será possível ampliar as ações de gestão do conhecimento no Brasil com a cooperação entre as duas instituições. A retomada do processo de aproximação entre Fiocruz e CNPq foi promovido pelo vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral Neto, o que favoreceu a formalização do acordo assinado.
Nísia lembrou de alguns projetos desenvolvidos na Fiocruz Brasília no campo da gestão do conhecimento. Citou a iniciativa da Fiocruz com o Observatório de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, e, ainda, a criação do Cidacs (Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde), ligado à Fiocruz Bahia. Projetos dessa natureza, segundo ela, deverão ser potencializados com o acordo.
Para ela, a TI voltada para a pesquisa e para a gestão do conhecimento é fundamental para a sociedade. A presidente ressaltou também a colaboração da Fiocruz com os esforços de se repensarem os sistemas de avaliação vigentes no país, como os da Capes e do próprio CNPq.
O presidente do CNPq, Mário Borges, iniciou sua fala destacando a rapidez e a eficiência com que o acordo entre as duas instituições foi elaborado, num intervalo de poucas semanas. “As instituições públicas do Brasil precisam disso”, reforçou. Ele realçou a importância da parceria do CNPq com a Fiocruz uma vez que a área da saúde é uma das de maior destaque no campo da pesquisa em que sua instituição atua.
Borges destacou ainda o protagonismo da Fiocruz para a pesquisa no Brasil, sendo ela, na Região Sudeste, a maior produtora de conhecimento em saúde. Segundo ele, o país precisa estimular a cultura da inovação. “O Brasil é conhecido como a 8ª economia do mundo, mas ainda estamos muito atrás quando o assunto é inovação em pesquisa”. Por isso, Borges acredita que a parceria com a Fiocruz amplia as possibilidades de se criar uma cultura de fomento à inovação científica. Disse que os pesquisadores nacionais estão preparados para isso. Citou, como exemplo, a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Celina Turchi — classificada pela revista Nature entre os dez pesquisadores mais influentes do mundo, e, pela revista Times, entre as 100 pessoas mais influentes do mundo – ao lado do jogador Neymar. Ao citar os dois brasileiros mais influentes, o presidente do CNPq ainda brincou, dizendo que “o futebol não precisa de mais dinheiro”.
Decano de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Brasília (UnB) até 2013, e atual coordenador do Núcleo de Inteligência do Futuro, também da UnB, Issac Roitman destacou o simbolismo do acordo assinado entre Fiocruz e CNPq, uma vez que, em sua opinião, são duas instituições significativas para a ciência brasileira. “Nós precisamos, sobretudo, de união, e essa relação é extremamente importante”, afirmou.
Também presente à cerimônia de assinatura do acordo, o diretor da Fiocruz Brasília, Gerson Penna, assinalou que a Fiocruz é campeã em publicações sobre leishmaniose no mundo. Além disso, reforçou a necessidade de o Brasil transformar conhecimento em soluções para a saúde, em especial no que diz respeito às doenças negligenciadas. Como um dos passos iniciais para as discussões sobre gestão do conhecimento em saúde, Penna citou a atuação da assessora especial da Fiocruz Brasília, Celina Roitman, presente à cerimônia, que foi responsável pela realização da 1ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, em 1994, quando era superintendente da área de Ciências da Vida no CNPq.
O acordo assinado entre as duas instituições expressa a constituição de uma aliança estratégica entre a Fiocruz o CNPq como seu objeto central, e terá a vigência de cinco anos, podendo ser renovado.
Fonte: Fiocruz