A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, destacou os avanços e desafios da produção de vacinas durante a abertura da 20ª reunião geral da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN), nesta terça-feira (22), no município do Rio de Janeiro.

“Eu vejo esta rede como um bem público global, uma rede de fabricantes e inovadores que assumiram o princípio da ação coletiva e da solidariedade para proteger a saúde mundial. As vacinas que vocês produzem protegem e promovem a saúde de milhões de pessoas nesta região (Américas) e no mundo”, afirmou.

A diretora da OPAS também encorajou a rede de produtores a manterem os esforços para investir em novas vacinas que sejam, ao mesmo tempo, de qualidade e acessíveis. “E, mais importante, peço que assegurem e protejam o suprimento global das vacinas mais ‘tradicionais e bem estabelecidas’ que têm se tornado menos atraentes para produzir do ponto de vista comercial”, acrescentou.

Maurício Zuma, diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e vice-coordenador da Rede, destacou que na reunião são compartilhadas experiências e discutidas capacidades, financiamento, suprimentos, temas regulatórios, alianças, parcerias, inovações, entre outros temas. “Nossas vacinas impedem a propagação e exportação de várias doenças e salvam milhões de vidas a cada ano. Isso nos deixa orgulhosos. Mas estamos cientes de nossa responsabilidade e sabemos que inovação é um tema chave para garantir nossa sobrevivência no longo prazo”.

Na mesma linha, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, destacou que a vacinação é um direito. “Em um contexto em que a monopolização de mercados pode tornar vacinas inacessíveis à maioria da população, cabe a nós afirmar a vacinação como um bem público e uma das principais conquistas para o direito de todos à saúde e prevenção”.

O ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, anunciou durante o evento que, após três anos de interrupção da exportação da vacina contra febre amarela, o Brasil retomará a capacidade de atender toda a demanda interna e também fornecer para outros países. Entre 2017 e 2018, o país passava por surtos da doença e suspendeu a venda da vacina para voltar toda sua produção à população brasileira. “Outro importante passo que estamos dando e, que se encontra em fase final de modelagem, é a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde. Será uma plataforma múltipla, que poderá produzir diferentes tipos de vacinas, dando resposta rápida às necessidades internas”, disse Mandetta.

Em uma das mesas de discussão, o vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, Jarbas Barbosa, abordou o cenário da produção nas Américas e apresentou o Fundo Rotatório da OPAS, mecanismo de compra criado para apoiar os governos na aquisição de imunobiológicos e insumos estratégicos. “Os componentes chave para garantir acesso às vacinas são: planejamento preciso da demanda, disponibilidade de financiamento em tempo oportuno, mecanismos de compra eficientes e mercado de produção sustentável e acessível”, enumerou.

Reunião anual
A reunião anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN) ocorre até 24 de outubro, com a participação de especialistas de 14 países. Estão sendo discutidos temas como os avanços tecnológicos na área, acesso equitativo a vacinas no mundo, questões regulatórias e estratégias, desafios atuais da indústria com ênfase na atuação dos países em desenvolvimento e oportunidades de parcerias.

O evento contou ainda com a participação do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, por meio de uma declaração em vídeo; e de membros do Unicef, da GAVI Alliance e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil.

Criada em 2000, a DCVMN abrange atualmente 50 produtores de 17 países e territórios, que fabricam e fornecem mais de 40 tipos de vacinas em diversas apresentações, totalizando cerca de 200 produtos.

 

Fonte: OPAS

Foto: Bernardo Portella