As mudanças climáticas e a relação com a saúde é o tema abordado pelo editorial da edição de janeiro de 2015 da revista Cadernos de Saúde Pública (vol.31 n°1). Para o pesquisador Christovam Barcellos, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), que assina o editorial, aumentam as evidências de que o clima do planeta se altera, já que a concentração de CO2 na atmosfera nunca foi tão alta, as temperaturas médias aumentam em praticamente todo o planeta, derretem as camadas de gelo nos pólos e sobe o nível dos oceanos. “As consequências desses fenômenos para a saúde, no entanto, não são óbvias, nem diretas, nem imediatas. Se as mudanças climáticas podem produzir eventos extremos, inesperados, e por vezes catastróficos, um evento inusitado não é necessariamente resultante das mudanças climáticas.” É importante também ressaltar, segundo Barcellos, que esses processos ocorrem em um contexto global de mudanças que não são só climáticas, mas também políticas, sociais e econômicas. A combinação de condições precárias de saneamento, de pobreza, o envelhecimento da população e restrições de acesso a serviços de saúde podem agravar os efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde, completa Barcellos.
Na seção de revisão do CSP, o estudo Instrumentos para mensuração de Satisfação de Usuários de Serviços de Saúde: uma Revisão Sistemática, de autoria de Renato Santos de Almeida e Mônica Martins, da ENSP, e Stephane Bourliataux-Lajoinie, da Université François Rabelais, França, teve como objetivo realizar uma revisão sistemática dos instrumentos de medição de satisfação do paciente validados aplicados na área da saúde. Para eles, questionários para satisfação dos pacientes podem ser uma boa maneira para melhorar a qualidade e discutir aspectos do cuidado centrado no paciente. A revisão sistemática baseou-se no MEDLINE / PubMed, LILACS, SciELO, Scopus e Web of Knowledge e dos 34 estudos encontrados, a maioria deles possuía as dimensões paciente-profissional da saúde, ambiente físico e processos gerenciais.
Diferenciais de morbimortalidade por causas externas: resultados do estudo Carga Global de Doenças no Brasil é o título do artigo dos pesquisadores Mônica Rodrigues Campos, Vanessa dos Reis von Doellinger , Luiz Villarinho Pereira Mendes, Thiago Góes Pimentel, Joyce Mendes de Andrade Schramm, da ENSP, e Maria de Fatima dos Santos Costa, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Visa estimar a carga global de doença para causas externas em 2008, no Brasil, por meio do método dos anos de vida perdidos (YLL) proposto por Murray & Lopez (1996). O YLL compôs-se de 48% de causas não intencionais e 52% intencionais. A causa com maior proporção de YLL foi “homicídio e violência” (43%), seguida por “acidentes de trânsito” (31%). As quedas representam a maior proporção de YLD (36%). Observou-se uma predominância do sexo masculino de 4,8 no DALY e a faixa etária predominante foi de 15-29 anos. Sendo as causas externas evitáveis, têm-se importantes subsídios para os formuladores de políticas de segurança pública e de saúde, observa o artigo.
O artigo Legitimidade da representação em instâncias de participação social: o caso do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, de José Patrício Bispo Júnior, da ENSP , e Sílvia Gerschman, da Universidade Federal da Bahia, que acreditam que o modelo de representação eleitoral demonstra-se insuficiente e inadequado para contemplar os novos formatos participativos, como os exercidos pelos conselheiros de saúde. O artigo analisa a representação e a representatividade no Conselho Estadual de Saúde (CES/BA) da Bahia, Brasil, por meio de entrevistas com 20 conselheiros ou ex-conselheiros de saúde, análise documental das atas e regimentos do CES/BA e observação das reuniões plenárias. Para análise das falas utilizou-se a Técnica de Análise do Discurso.
Confira na íntegra o volume 31, número 1 da revista Cadernos de Saúde Pública.
Portal Ensp, 13/03/2015