Mais de sete mil toneladas de sódio foram retiradas de produtos alimentícios por meio de compromisso firmado pelo Ministério da Saúde e Associação das Indústrias da Alimentação (Abia). O resultado da segunda etapa do Plano Nacional de Redução de Sódio, que teve início em 2011, foi divulgado nesta terça-feira (12). A meta do governo é que, até 2022, o setor promova a retirada de cerca de 28 mil toneladas de sal dos alimentos do mercado brasileiro e que o consumo de sódio da população diminua da média atual, que chega a 12 gramas, para cinco gramas por dia – limite máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Além do acordo firmado com a indústria, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, ressaltou a importância de incentivar a população a reduzir o sal no preparo dos alimentos. “Tivemos um resultado muito bom nos monitoramentos e pesquisas, 96,43% dos produtos industrializados reduziram o teor máximo de sódio da composição, porém, não adianta comemorarmos se não trabalharmos para melhorar a alimentação nos restaurantes coletivos, merendas escolares, incentivar bons hábitos alimentares e a retirada do saleiro da mesa”, acrescentou.
Salgadinhos de milho, batata frita, biscoitos doces recheado, entre outros, são alimentos com alta porcentagem de sódio na composição e muito consumidos por crianças. “É extremamente necessário incentivar os pequenos a terem uma alimentação mais saudável. Essa luta em prol da saúde envolve todo mundo, desde a família, até a indústria alimentícia”, disse a coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa. Além disso, ela destacou o papel do sódio nas doenças crônicas não transmissíveis. “Doenças cardiovasculares correspondem a 72% das mortes no Brasil e a hipertensão, por exemplo, está totalmente ligada ao consumo elevado de sódio”, alertou.
A pesquisa comprovou que os hipertensos crescem com o avanço da idade e também com a diminuição da escolaridade. De acordo com Deborah Malta, do Departamento de Vigilância em Saúde, o índice de hipertensão arterial em pessoas com até oito anos de escolaridade é 1,5 vezes maior. “Percebemos que quanto menos escolaridade, maior o consumo de sódio. Por conta da falta de informação, as pessoas se alimentam mal e chegam a adoecer”, analisou.
O brasileiro tem uma percepção equivocada sobre a quantidade de sal que ingere diariamente – 48,6% avalia como médio o nível de consumo diário de sódio, apesar de consumir mais que o dobro indicado, segundo a pesquisa Vigitel 2014. “É preciso conscientizar sobre os malefícios do sódio e exigir essa redução da indústria alimentícia, notificando empresas que ainda não mostraram o resultado esperado. É um trabalho contínuo e a longo prazo. Com todas as metas alcançadas teremos um aumento de quatro anos na expectativa de vida do brasileiro, além de 1,5 milhão de pessoas livres de medicamentos para hipertensão”, afirmou o ministro.
Portal Conasems, 12/05/2015